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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

No mínimo poético...

Ainda no Rio...no ap de uma amigona da mãe (as duas tem 79 anos), deitada no sofá , após um dia inteiro de "bateção de perna" fui presenteada com a leitura "roubada" de uma cadernetinha que encontrei na mesinha lateral, pertencente a super "cult" tia Elvira. AMEI!!!
Aproveitem também...no mínimo...poético... (Iara)

Que mensagem você mandaria pelo espaço cibernético se estivesse com câncer linfático e sabendo ter pouco tempo de vida? A escolha feita por Gabriel Garcia Marquez, um escritor engajado nas lutas de seu tempo, foi surpreendente.

“Se, por um instante, Deus se esqueceste de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo que digo.

Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam.

Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.

Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria de um bom sorvete de chocolate.

Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma.

Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas um poema de Mario Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua.

Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas. Deus meu, se eu tivesse uma pedaço de vida.

Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes – te amo, te amo.

Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor.

Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento. Tantas coisas aprendo com vocês, os homens...

Aprendo que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa.

Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo de seu pai, o tem prisioneiro para sempre.

Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. 
São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente, não poderão servir muito porque quando me olharem dentro desta maleta, infelizmente estarei morrendo”.

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